CAMPO BOM

Coluna Política – Campo Bom

Por José B. Pinheiro

O verdadeiro início

Muito se fala hoje sobre a expansão da Verallia e a importância da indústria para Campo Bom. Mas é preciso resgatar a memória: a história começou em 1979, na gestão do então prefeito Nestor Fips Schneider, quando a antiga Cisper iniciou sua instalação na cidade. O projeto teve forte apoio do então secretário da Indústria e Comércio, Cláudio Ennio Strassburger, cujo empenho foi decisivo para atrair a fábrica. Portanto, antes de enaltecer quem hoje corta fitas, é justo reconhecer quem lá atrás abriu as portas e fez o esforço político e empresarial para que essa indústria fosse possível.

 

Décadas de consolidação, pouco discurso político

Ao longo das décadas de 1980 e 1990, a Cisper consolidou-se como um dos maiores motores de arrecadação e emprego em Campo Bom, sem grandes alardes políticos. Foi sob o esforço de centenas de trabalhadores e sucessivas gestões administrativas que a fábrica se manteve firme, superando mudanças societárias e até a transição para grupos multinacionais. A narrativa de que o mérito é apenas de quem hoje está no poder soa frágil diante da longa história construída tijolo por tijolo, forno por forno.

 

A expansão de 2025: herança ou conquista?

É inegável que o investimento de R$ 500 milhões anunciado pela Verallia representa um salto histórico para Campo Bom. Porém, mais do que uma conquista política atual, trata-se do resultado de 45 anos de presença e enraizamento da fábrica na cidade. Os gestores de hoje surfam na onda de um processo iniciado em 1979, carregado por gerações de trabalhadores, gestores públicos anteriores e negociações silenciosas. A política, como sempre, gosta de posar para a foto, mas a verdade é que esse investimento é fruto de uma herança construída muito antes de qualquer atual discurso de ocasião.

 

“Presidente do Oi, Oi, Oi”

A Câmara de Campo Bom parece ter virado palco de brincadeira de rede social. A presidente, Kayanne Braga, mostrou que ainda não entendeu a responsabilidade do cargo que ocupa. Diante de um comentário simples — de que “passa pelas pessoas e nem dá um oi” — a vereadora reagiu como quem disputa curtidas no Instagram: ironias, deboches, provocações e até exposição da mãe já falecida da leitora, em prints de terceiros. Para coroar a cena, colou fitas na blusa com a palavra “OI” e publicou: “Se por ventura eu não te ver, saiba que estou cumprimentando você!”.

O que poderia ser ignorado com elegância virou caso de polícia: a leitora registrou boletim de ocorrência e promete levar o processo adiante. No lugar de ser lembrada como presidente firme, Kayanne começa a se consolidar como a “presidente do Oi, Oi, Oi”. Para quem deveria dar exemplo de equilíbrio e compostura, a presidente escorregou para o terreno da imaturidade. Mesmo ocupando a cadeira mais importante do Legislativo campo-bonense.

 

Em Campo Bom, promessa de campanha é tipo vaga na GMCB: tem no papel, mas não na prática

Campo Bom formou, há cerca de um ano, 18 agentes prontos para a Guarda Municipal. Apenas 6 foram chamados, e 12 seguem esperando… e esperando… Quem lembra da campanha de Giovani Feltes recorda bem da promessa de convocar todos os aprovados. Promessa de campanha, sabemos, tem prazo de validade menor que iogurte fora da geladeira. Enquanto isso, o prefeito segue repetindo nos bastidores que “segurança é obrigação do Estado”, como se os cofres municipais tivessem se dado ao luxo de investir na formação desses agentes apenas para deixá-los de molho. A população cobra, a insegurança cresce — e a promessa, essa sim, continua muito bem guardada.

 

Vice de enfeite ou castigo?

Na sessão solene de Condecoração ao Mérito Farroupilha, quem deveria estar no palco ficou na plateia. A vice-prefeita Gênifer Engers, eleita junto com Giovani Feltes, foi “esquecida” na audiência enquanto o prefeito preferiu mandar como representante oficial o secretário Régis Thoen. A vereadora Michele Closs (PDT) foi firme ao cobrar que a vice não deveria estar relegada ao fundo do salão, mas sim à mesa de honra. Fica a pergunta: por que Giovani não deixa sua vice exercer de fato o papel que o povo lhe confiou? Ciúmes de protagonismo, falta de confiança ou simplesmente um projeto de governo onde a vice serve apenas de figurante? O silêncio do prefeito fala alto — e a desvalorização da sua companheira de chapa também.

 

Rinha

Nesta semana, a vereadora Kayanne Braga (PDT), que preside o Legislativo, foi até a tribuna para denunciar um cidadão, “que se diz cidadão de bem”, e que seria ex-vereador da cidade. Segundo ela, ele vem fazendo vídeos criticando operações da Polícia Civil e dos órgãos ambientais para coibir pássaros proibidos em gaiolas. Recentemente, no dia 13, uma ação coibiu a prática de rinha de galos no município e resultou na prisão de um homem, além do resgate de mais de 21 galos no bairro Aurora, onde até arena com arquibancada tinha para a prática, que é proibida há décadas. A vereadora, que é uma liderança regional da causa animal, fez elogios às autoridades pela ação e chamou de “cara de pau” quem defende esse tipo de crime. Além disso, mandou recado dizendo para não se meter com a causa animal, se não ia ficar “famosinho em rede nacional”.

 

O ex-vereador

Quem gravou vídeo reclamando das ações contra pássaros em gaiolas foi o ex-vereador Marco Orsi, que vem fazendo oposição ferrenha ao governo nas redes. Ele diz não ser favorável à rainha de galo ou pássaros nas gaiolas, mas disse que as ações são desrespeitosas invadindo casas para autuar pessoas. Além disso, diz que não se vê a mesma dureza contra outros crimes.

 

Corrigindo

Erramos! Na semana passada, afirmamos que os vereadores aprovaram um projeto da suplente Enajara Cardoso (PL) proibindo a nomeação como CC de quem foi condenado por maus-tratos aos animais. Acontece que, infelizmente, a proposta não foi aprovada. O que foi aprovado foi justamente um parecer da CJJ contrário à proposta. Ou seja: condenados por crimes contra as mulheres e contra animais ainda podem assumir cargos públicos. Pelo menos enquanto algum desses projetos da parlamentar não avançar.

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