NOVO HAMBURGO
Dezembro Laranja: inteligência artificial auxilia na análise de dados, mas não substitui o especialista no diagnóstico de câncer de pele

Oncologista alerta que o paciente não deve tentar trocar uma consulta por uma avaliação automática de aplicativos, fotos ou chats
Dezembro Laranja, campanha nacional de prevenção ao câncer de pele, traz um alerta importante para o Sul do Brasil por ser a região com taxas elevadas de incidência da doença, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O câncer de pele é o tipo mais frequente no País, correspondendo a cerca de 30% de todos os diagnósticos oncológicos, e o Rio Grande do Sul concentra quase o dobro de incidência deste tipo de câncer. Enquanto a média nacional é de 101,95 novos casos por 100 mil habitantes/ano, para o Estado a estimativa é de 197,54 casos em 100 mil habitantes.
No entanto, mesmo nos estágios avançados, o tratamento de câncer de pele evoluiu muito com as terapias-alvo e imunoterapias, que hoje oferecem resultados significativamente melhores do que há alguns anos. “Em oncologia o ponto decisivo é o diagnóstico precoce. Quanto mais cedo a lesão é detectada, maiores as perspectivas de cura”, enfatiza o oncologista Juliano Coelho, que atua na Oncoclínicas Moinhos de Vento, em Porto Alegre, e na unidade de Canoas.
A inteligência artificial já vem sendo utilizada por profissionais de saúde como ferramenta de apoio, principalmente na organização de dados e na análise técnica de imagens dermatológicas. “É um recurso que pode ajudar o médico a ganhar agilidade e precisão dentro do consultório. Mas é importante reforçar que a IA não substitui o médico, pois não examina a pele ao vivo, não avalia textura, não interpreta história clínica e não identifica sinais sutis que somente o especialista reconhece”, enfatiza.
O especialista destaca que o paciente não deve tentar trocar uma consulta por uma avaliação automática de aplicativos, fotos ou chats. Isto pode atrasar um diagnóstico importante o que implica diretamente nas chances de cura do paciente. “A tecnologia é complementar, mas o diagnóstico seguro continua sendo responsabilidade do médico”, ressalta o oncologista.
Especialmente no Rio Grande do Sul, a combinação de fatores como a predominância de pessoas com pele clara, a intensa exposição solar acumulada desde a infância e o estilo de vida ao ar livre é propícia ao desenvolvimento de tumores cutâneos. “Os carcinomas basocelular e espinocelular, que são os mais comuns, costumam ser tratados de forma bastante eficaz com cirurgia ou mesmo procedimentos ambulatoriais realizados por dermatologistas”, afirma Juliano Coelho. “O melanoma, por outro lado, exige atenção maior porque tem comportamento mais agressivo. Mesmo assim, quando identificado precocemente, as chances de cura também são muito altas”, complementa.
Prevenção
A melhor prevenção ainda é proteger a pele da radiação ultravioleta de forma consistente. Isso significa usar protetor solar todos os dias, mesmo quando está nublado, e reaplicá-lo quando há exposição prolongada. Também é fundamental evitar o sol no período de maior intensidade, entre 10 e 16h. “Roupas com proteção UV, chapéus de aba larga e óculos adequados complementam muito bem a proteção, especialmente na Região Sul, onde a radiação costuma ser mais intensa no verão”, recomenda.
Outra medida importante é evitar câmaras de bronzeamento artificial, pois aumentam o risco de melanoma. E, por fim, manter acompanhamento regular com dermatologista, principalmente quem tem pele clara, muitas pintas ou histórico familiar.
O reconhecimento precoce das lesões é fundamental para aumentar as chances de cura. Uma das ferramentas mais eficientes para identificar pintas suspeitas é a regra do ABCDE. Mas é preciso atentar que carcinomas podem surgir como feridas que não cicatrizam, áreas ásperas que sangram facilmente ou pequenos nódulos brilhantes e perolados. Qualquer alteração persistente deve ser avaliada imediatamente por um especialista.
Regra do ABCDE
– A – Assimetria
– B – Bordas irregulares
– C – Cores variadas na mesma lesão
– D – Diâmetro superior a 6 mm
– E – Evolução, quando há mudança de forma, cor ou tamanho