CAMPO BOM

Instituição que administra o Hospital Dr. Lauro Reus cobra R$ 1,6 milhão da Prefeitura

Repasses não estariam sendo feitos em sua totalidade, e entidade reclama de dificuldade de relacionamento

A paciência da direção da Associação Hospital de Caridade São Roque, responsável pela administração do Hospital Dr. Lauro Reus, com a Prefeitura, parece ter chego ao fim. Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, 24, o presidente da instituição, Roberto Cervo, denunciou ao lado dos demais diretores da entidade, que o poder público municipal desde janeiro, quando teve início a gestão do prefeito Luciano Orsi (PDT), está deixando de repassar o valor integral firmado em contrato para manutenção do local e dos atendimentos à comunidade.

Segundo Roberto Cervo, o passivo da administração já chega a mais de R$ 1,6 milhão, o que fez com que a entidade utilizasse seu fundo de reserva nos meses anteriores para cumprir sua folha de pagamento e fornecedores. Essa retenção no pagamento seria por procedimentos denominados glosa, e valores fixos, mas que para a equipe jurídica da entidade, são valores inquestionáveis, que não cabem interpretação, pois fazem parte do contrato. “Esse contrato foi assinado em 2013 e cumprimos rigorosamente, inclusive ele é auditado mensalmente”, explicou Cervo citando os índices de aprovação do hospital junto à comunidade que chegam a 97%.

Modelo de gestão que não deu certo em NH no governo Lauermann, poderia ser implantada em Campo Bom?

     Com seus recursos chegando ao fim, com a chance do atendimento ser prejudicado, a instituição ingressou na Justiça para receber os valores junto a Prefeitura. Além disso, a instituição diz notar uma diferença no relacionamento com o Executivo, o que pode ser prenúncio de mudanças na gestão da saúde pública da cidade mais adiante, já que a atual secretária municipal de Saúde, Suzana Ambros, foi presidente da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), e também Simone Zucolotto, hoje Assessora hospitalar em Campo Bom, que por um período em Novo Hamburgo acumulou os cargos de diretora-presidente e de gestão hospitalar, acumulam também alguns processos no Ministério Público (Ministério Publico do Trabalho, Ministério Publico Federal) e o Coren RS (Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul) ajuizou ação contra a fundação por falta de enfermeiro e irregularidades. Um modelo de gestão considerado inconstitucional pela Justiça, e que estaria devendo cerca de R$ 16 milhões a fornecedores, mas que segue funcionando e administrando o Hospital Municipal da cidade vizinha enquanto uma decisão definitiva não é tomada.

     A relação teria se tornado mais conturbada no início deste ano. “A partir de 2017 houve uma mudança comportamental, dificuldade de relacionamento, por muitas vezes estivemos no Executivo, procuramos o diálogo, mostramos nossas dificuldades. Inclusive apresentamos um projeto para diminuir seus custos na área da saúde e até hoje não recebemos nenhum comunicado sobre o assunto. Esse valor seria em benefício da Prefeitura, e não do hospital”, afirmou o presidente Cervo. “Nós queremos o entendimento”, disse.

Prefeitura apresenta outra versão, e diz que valores não procedem

Após a coletiva da equipe diretiva da Associação Hospital de Caridade São Roque, a Prefeitura divulgou uma nota contestando as informações apresentadas na coletiva de imprensa, e afirmou que os valores apresentados não procedem. “O Município de Campo Bom está em dia com os pagamentos dos procedimentos efetivamente realizados e comprovados pelo prestador de serviços junto ao Hospital Lauro Reus, atualmente administrado pela Associação Hospital de Caridade São Roque. A informação que os débitos da Prefeitura ultrapassam R$ 1,6 milhão não procedem, o que existe são valores de glosas dos últimos meses sendo discutidas e na medida que estes forem esclarecidos e se adequadamente comprovados serão   pagos, caso os serviços não forem comprovados consequentemente os valores não são devidos”, afirma a nota.

 

Sobre os apontamentos de problemas de relacionamento desde o início da gestão, a Prefeitura também rebateu. “O Município realizou diversas reuniões com o prestador propondo revisão do contrato, inclusive correção de cláusula que apresenta erro, mas a Direção do Hospital não se dispôs a rever, alegando inclusive que não abre mão de valores que vinham sendo praticados, mesmo admitindo erro material de cláusula.

O Município notificou o Hospital sobre a atuação do médico plantonista do serviço de traumatologia de forma paralela nos atendimentos de emergência e no atendimento das consultas agendadas e cirurgias eletivas, gerando prolongado tempo de espera para os usuários, tanto em situações de emergência, como das consultas agendadas, sendo que são repassados  valores específicos para cada serviço, devendo ser  reorganizadas, para não haver sobreposição as atividades ou as escalas de trabalho, em respeito aos usuários e a própria equipe de trabalho. A prefeitura está formalizando os esclarecimentos devidos ao Judiciário. Os recursos estão previstos para os pagamentos de todos os serviços efetivamente realizados e comprovados.

A auditoria que funciona dentro do Lauro Reus já havia apontado irregularidades na administração anterior, inclusive houve correção de valores.  Reafirmamos que essa é uma Administração séria e responsável com a população. Se a Associação Hospital de Caridade São Roque abandonar a gestão do Hospital Lauro Reus, a Direção do Hospital continuará sob a responsabilidade direta do Município ou por meio de outra instituição contratada. Tranquilizamos a toda a comunidade que os serviços do hospital serão mantidos”, concluiu a nota.

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