CAMPO BOM
Coluna Política – Campo Bom
Por José B. Pinheiro
“Descentralizar ou desmantelar?”
Parece que a Prefeitura de Campo Bom encontrou uma nova palavra para suavizar decisões impopulares: “descentralização”. O alvo da vez é o CEMADE, o Centro Municipal de Apoio à Diversidade Escolar — referência no atendimento a alunos com necessidades especiais e dificuldades de aprendizagem. O projeto “inovador” do governo prevê espalhar o atendimento em postos de saúde e escolas a partir de 2026. Bonito no papel, mas na prática soa mais como um “fim elegante” para um serviço que funciona. Afinal, descentralizar o que está dando certo é o mesmo que desmontar o carro para ver se ele anda melhor em peças. Pais e profissionais estão indignados, e com razão: por que mexer no que está funcionando? A cidade inteira sabe que o CEMADE é um dos poucos setores da educação que realmente entrega resultado. Mas, claro, sempre há espaço para uma “reorganização” — principalmente quando ninguém da comunidade foi ouvido.
E a Prefeitura, será que vai “descentralizar” também as explicações?
“Quando come doce, se lambuza — e perde o diálogo”
A sessão da Câmara desta segunda (06) teve direito a drama, ironia e um toque de vaidade política. O vereador Celsinho (Republicanos) comentou que a presidente Kayanne (PDT) vinha sendo bombardeada nas redes — e ela, prontamente, rebateu dizendo que apenas “um jornal que não ganha dinheiro desta Casa” fala mal dela.
A nobre vereadora, que antes sabia bem a importância da imprensa quando era colunista do mesmo jornal( Sem nunca pagar nada), parece ter esquecido que o cargo exige mais diálogo e menos estrelismo. Como diria o ditado das nossas mães: criança que nunca comeu doce, quando come se lambuza.
De colunista a presidente, bastou o sabor do poder para perder o gosto pela transparência.
Quem está ganhando o quê?
Interessante a fala da presidente sobre o jornal “que não ganha nada da Casa”. (Que fique claro, o TH nunca pediu nada, e nem tão pouco foi atendido pela presidente). Será que não é o contrário? Será que quem ganha, ganha justamente para se calar? O TH sempre publicou o que há de bom e o que há de errado — do Executivo, do Legislativo e de quem mais merecer.
Mas vamos aos números: tem rede social recebendo R$12 mil por ano para a produção de stories e reels no Instagram, pós-eventos, além da produção de 5 matérias pautadas pela presidente da câmara ao longo do ano, enquanto um jornal da cidade tem 40 assinaturas mensais (sempre foram 12 no máximo para cada veículo, sendo onze vereadores, mais um para a comunicação). E o restante das edições? Bom… dizem por aí que estão sendo “muito bem aproveitadas” — só não se sabe exatamente onde.
Nos 16 anos de história, o TH sempre foi o mesmo: independente, crítico e com coragem de falar o que muitos preferem esconder. Talvez o incômodo não seja o jornal, mas o espelho.
Chama a atenção: com cerca de 6 mil seguidores, a tal página de “notícias” que recebe o valor apresenta um engajamento quase nulo — várias postagens sem um único comentário sequer. Será que esse é mesmo o veículo certo para receber dinheiro público e fazer divulgação oficial?
Tem mais
Vale lembrar que, além desse contrato citado, a Câmara de Vereadores já pagou aproximadamente R$ 227 mil reais ao longo deste ano para a transmissão ao vivo das sessões no Youtube, bem como registro em vídeo das votações. Bom lembrar também que a Câmara conta com um cargo de CC na coordenação de comunicação no valor de R$ 6.400 por mês.
“Assumiu, mas o tempo tá correndo…”
A suplente Elis Bueno (PDT) assumiu vaga na Câmara de Campo Bom com apenas 363 votos, graças ao afastamento da titular Michele Closs. Mas atenção: a nova lei já não permite mais aquelas “assumidas-relâmpago” de duas sessões só pra postar no feed.
Agora, o suplente só entra com no mínimo 120 dias de mandato — e o Ministério Público promete ficar de olho (e agir!) pra acabar com esse tipo de manobra política em todas as Câmaras.
Na próxima edição, a gente conta mais sobre esse tema, e que os presidentes podem ter de pagar com o dinheiro do próprio bolso se o MP começar a colocar a lei em prática.
Orsi presente
Quem acompanhou a sessão da Câmara desta semana, que marcou a posse de Elis Bueno temporariamente, foi o ex-prefeito Luciano Orsi (PDT), que além de acompanhar os trabalhos fez questão de postar uma foto com a bancada do PDT. Vale lembrar que Orsi se tornou prefeito sem nunca ter sido vereador na cidade, algo que é bastante raro na política.