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CULTURA

Novo Hamburgo se consolida como Polo Audiovisual

Com política pública setorial focada no fomento do audiovisual e da indústria criativa, a cidade atrai cada vez mais negócios e já é referência nacional no setor

A política pública “Novo Hamburgo Polo Audiovisual” foi criada em 2018 com o objetivo de promover ações que vão desde a formação até a produções relacionadas ao setor na cidade, incluindo iniciativas que abrangem da clássica tela de cinema a produtos de distribuição e exibição pela internet.

“Essa política pública surgiu da convicção de que Novo Hamburgo seria capaz de constituir novas matrizes econômicas focadas na indústria criativa, com o audiovisual se apresentando como uma excelente oportunidade para a execução desse plano”, explica o secretário da Cultura de Novo Hamburgo, Ralfe Cardoso.

O programa de fomento é executado através de diversas ações voltadas para a área e na construção de uma cadeia de profissionais locais qualificados para o mercado. A política setorial é dividida em cinco eixos temáticos principais, são eles: Profissionalização (PRO), Responsabilidade Sociocultural (RSC), Formação de Público (FP), Estabelecimento de Rede Audiovisual (RAV) e Fomento (FO).

Novo Hamburgo se consolida como polo audiovisual por meio de investimentos oriundos de diversas fontes de apoio, como a Agência Nacional do Cinema (ANCINE), o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), a Lei de Incentivo à Cultura (LIC), a Lei Rouanet e a Lei Paulo Gustavo.

Esses investimentos viabilizam diversas ações, que são executadas através de apoio direto, como o fomento à produção e execução de filmes locais ou a aquisição de equipamentos, como kits de produção audiovisual digital (que são disponibilizados à sociedade) e o cinemóvel, por exemplo. Há também apoio indireto do município, incentivando a criação de uma cultura econômica planejada para receber e profissionalizar equipes para atuarem com a produção audiovisual. Essa “nova cultura econômica local” fomenta uma cadeia produtiva que abrange desde técnicos e artistas envolvidos na produção dos filmes até os serviços de hotelaria, alimentação, turismo e eventos da cidade.

Desde o lançamento dessa política setorial, em 2018, até o momento (2024), 45 projetos foram produzidos e executados em Novo Hamburgo, entre filmes (longas e curtas), pilotos de série, festivais, cursos profissionalizantes e editais específicos para o setor, gerando renda e trabalho para centenas de profissionais envolvidos nessa cadeia produtiva.

Os resultados desse trabalho e esforço não param de aparecer. Melissa Brogni, diretora e roteirista, é um exemplo dentre os vários casos de sucesso do cinema em Novo Hamburgo. Ela relata que “a possibilidade de transformar uma ideia em um projeto e saber como conduzir tudo isso desde o início até a execução, é um dos incentivos mais significantes pro audiovisual, principalmente pra quem está começando na área”. A primeira experiência de Melissa no audiovisual ocorreu em 2020, resultado de um edital da Ancine lançado na cidade, quando roteirizou e dirigiu o curta “Pastrana”. “Foi meu primeiro curta-metragem, uma experiência muito legal. O filme já foi premiado como Melhor Curta no Festival de Brasília e agora segue em fase de lançamento, competindo em outros festivais pelo mundo”, ressalta a diretora. Atualmente, ela trabalha em um novo curta-metragem, em parceria com a produtora Okna, de Porto Alegre, que será gravado em Novo Hamburgo com recursos oriundos da Lei Paulo Gustavo.

Para Leonardo Peixoto, da Convergência Produtora, sediada em Novo Hamburgo, a palavra que define a importância da política pública é “constância”. “Ter uma política voltada para isso possibilita uma constância no trabalho, com mais previsibilidade nos projetos”, afirma o produtor. Além disso, com mais trabalho perto de casa, Leonardo comemora a possibilidade de produzir na própria cidade. “Aumentou muito a frequência em que posso trabalhar em Novo Hamburgo, perto de casa e da família”, complementa. “Já para a empresa, estamos melhores posicionados no mercado agora, pois trabalhamos com audiovisual em uma cidade polo e referência no setor. O número de projetos realizados aumentou consideravelmente desde a criação do Novo Hamburgo Polo Audiovisual. Temos mais trabalho agora, com produções em nível nacional”, finaliza Peixoto.

Para os futuros profissionais, trabalhar na área é cada vez mais uma realidade possível. A graduanda em Audiovisual na Universidade Feevale, Lauren Otterbach, afirma que “é muito bom saber que está acontecendo um investimento na cena do cinema nacional e gaúcho, fico bem curiosa com o futuro de Novo Hamburgo, já que esses planos afetariam bastante nossa rotina e dinâmica como cidade”. Para ela, políticas públicas setoriais são essenciais para constituir a cultura do cinema. “Vivemos em um país que não valoriza o cinema nacional e dá palco apenas para obras que são feitas com um propósito totalmente comercial. Aprimorar o cinema local traz pontos positivos para a economia e para a cultura brasileira, se nosso cinema fosse mais valorizado teríamos muito mais reconhecimento internacional, além de podermos nos identificar com o que vemos nas telas”, comenta Lauren.

Para o secretário da Cultura, Ralfe Cardoso, a cidade está preparada para expandir ainda mais as produções audiovisuais. “Novo Hamburgo, aos poucos, demonstra um novo comportamento em relação ao setor. Apresentamos uma excelente infraestrutura e rede de serviços, o que possibilita as gravações e o trabalho dos profissionais”, ressalta. “Nossa política setorial é inédita, ousada e pioneira, pois somos uma das primeiras cidades do interior com investimentos milionários nesse setor, nos posicionando já como uma cidade referência na produção nacional. Pretendemos atrair cada vez mais grandes produções para a cidade e para a região”, complementa o secretário.

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