CAMPO BOM
Surto de esporotricose acende alerta na saúde pública de Campo Bom
A esporotricose, zoonose causada por fungos do gênero Sporothrix que atinge principalmente gatos, mas também humanos e outros mamíferos, vem se tornando um problema de saúde pública em Campo Bom. Desde o último ano, um surto da doença vem aumentando os casos de animais infectados no município e em toda a região, principalmente entre a população de gatos de rua. Conforme a prefeitura de Campo Bom, neste ano já houve registro de casos da doença em humanos.
A infecção em animais causa lesões na pele que demoram a cicatrizar, podendo se espalhar pelo corpo, atingindo principalmente as patas, orelhas e nariz dos animais afetados. Em humanos, também causa lesões na pele, que podem evoluir para úlceras, além de afetar o sistema linfático e, em casos mais graves, pulmões, articulações e ossos. É importante ressaltar que a doença não tem origem no gato ou animal doente, pois eles também são vítimas do fungo, que os afeta severamente e pode leva-los a óbito caso não seja tratado.
O tratamento da doença é feito com antifúngicos e a prevenção envolve cuidados com animais doentes e o uso de proteção ao manusear terra e plantas, locais onde o fungo também pode ser encontrado. Em Campo Bom, a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Meio Ambiente atuam de forma integrada nos casos de esporotricose, garantindo acompanhamento tanto para animais com tutores quanto para os que vivem nas ruas.
No entanto, protetores e voluntários da causa animal têm relatado dificuldades para a obtenção do medicamento, que muitas vezes está em falta ou são insuficientes para o tratamento, que pode durar de três a sete meses em casos mais graves. Conforme uma protetora, que preferiu não se identificar, a cidade vive um surto de esporotricose, com aumento de casos registrados nos bairros.
Em outro relato, uma protetora voluntária recebeu apenas 30 comprimidos da medicação para tratar nove gatos afetados, sendo o suficiente para apenas três dias de tratamento. “Nos colocamos a disposição de ajudar voluntariamente, mas não temos a ajuda que os animais precisam. Esta zoonose é uma questão de saúde pública, nós voluntários da causa estamos cansados de fazer o dever de quem não faz e não dá suporte”, critica. Ela também aponta que com a chegada do calor os casos tendem a aumentar, o que eleva também o risco de infecção a animais com donos e seus tutores.
Além disso, os protetores independentes apontam a falta de estrutura e espaço no CEMPRA para atender a demanda de animais que estão infectados. Em um dos casos relatados, uma protetora do Loteamento Santo Antônio entrou em contato com o CEMPRA sobre um gato de rua que estava afetado pela zoonose. No entanto, devido à lotação do espaço dedicado ao tratamento, o órgão não pode receber o animal.
Manifestação da prefeitura
A reportagem do Toda Hora entrou em contato com a prefeitura de Campo Bom, que ressaltou através de nota que no momento não há registro de solicitações para acompanhamento em aberto. Eles também apontam que, neste ano, 49 animais foram ou estão em acompanhamento pelos órgãos responsáveis.
Conforme a nota da prefeitura, nos casos de animais com tutores, o veterinário da Secretaria de Saúde realiza o acompanhamento desde o diagnóstico até a cura. A primeira visita inclui a confirmação do diagnóstico, a prescrição do tratamento e a entrega inicial de uma cartela de itraconazol (10 comprimidos), garantindo a continuidade da medicação até que o tutor possa adquiri-la. O acompanhamento é mantido até a recuperação total do animal.
Já animais em situação de rua são acompanhados pelo CEMPRA. Protetores que acolhem animais errantes também recebem suporte e atendimento do centro. Os atendimentos podem ocorrer a domicílio, realizados pelos veterinários do Município, ou diretamente no CEMPRA.
A administração também afirma que a Vigilância Ambiental é responsável por receber as notificações de casos suspeitos ou confirmados de esporotricose. As informações chegam por diferentes canais: agentes comunitários de saúde (ACS), tutores, denúncias via WhatsApp (3598 8643), protocolo da Prefeitura, sistema 1Doc, e-mail (sema@campobom.rs.gov.br), telefone ou atendimento presencial.